Lembranças de felicidade

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“Nunca, Nunca, Nunca deixe alguém te dizer que aquilo que você acredita é babaquice, que de repente o teu sonho não vai dar certo…”
Renato Russo

Ainda da série de textos antigos, aqui um de 2008. Reparem nas coisas que eu amava, que eu sonhava, em ter família, em ter esposa, filhos, um carro popular e ir ao parque. Algumas coisas essenciais de minha vida ainda não estavam claras pra mim, eu era alheio a parte de minha própria existência. Sorrio, lembrando tudo dos futuros dos quais terei saudade por que eu não viverei, mas eram tão belos quando eu os sonhava. Essas são minhas Lembranças de Felicidade, logo abaixo:

E eu estava lembrando das coisinhas bonitas… Daquelas que tocam um fundo musical em nossa memória… Ah… Era tudo perfeito…

Lembra da escola? Eu lembro do jardim 1 e do jardim 2, isso foi em 93 ou 94, não sei ao certo. Era tão gostoso!! No jardim 2 eu tinha 4 anos. Dizia que tinha sido o melhor ano de minha vida. Eu lembro das nossas brincadeiras, das mesinhas pequenas e das cadeirinhas que setávamos. Eram verdes. Pequenas, mas tão grandes também para nossa idade. Não sabíamos que o Brasil estava mudando de moeda, ou que Collor tinha renunciado. Nada sabíamos de uma ditadura que tinha acabado. Só queriamos brincar. Brincar era só o que sabíamos.

Tia Janicleide, Tia Neudjane. Creio que foram a do jardim 1. Era tão bom… Sabe, as professoras nos diziam a nós meninos que havia uma bomba no banheiro das meninas, e se nos aproximássemos ela explodiria… A mesma coisa diziam às meninas no dos meninos. Era bem assustador. Na minha imaginação podia ver a porta do banheiro voando e meus amigos chorando.

“Piuí, tá-tá-tá; piuí, tá-tá-tá; piuí, tá-tá-tá… Não precisa empurrar…” Era assim que saíamos para o recreio, em fila, o trenzinho ia cruzando pernas gigantes e enormes de alunos de no máximo 12 ou 13 anos, mas que para nós eram grandes adultos.

“Rei, ladrão, polícia, capitão…” Esse é o fragmento de outra música que lembro. Ela adivinhava com quem você iria se casar. Lembro nitidamente de ter brincado uma vez e ter descoberto que ia me casar com uma “capitã”, outra vez com uma “ladrona”.

E as brincadeiras? Uma vez nosso colega estava com problemas de saúde, respiratórios. Lembro que nós brincamos na areia e fez poeira, daí a professora nos pôs para dentro da sala novamente. Outra vez brincávamos de esconde-esconde. Eu me achavao maioral da turma só porque tinha treinado em casa e conseguia contar até cem. E eu sempre ficava pra procurar, só pra dizer que sabia contar até cem.

Era bom… Que saudade que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais… Eu tinha muitos sonhos. Eram três principais, me lembro bem… Um era ser cantor, outro ser cientista, o outro não estou muito certo… Mas sei que existia, eu sabia sonhar. Foi algo que se perdeu através do tempo. Houve momentos que eles não existiam mais. Hoje voltam ao lar. Não mais ser cantor ou cientista, mas ser feliz, ser gente…

Quando penso em um dia ter família, ou de um dia terminar a faculdade e ir lecionar, ou de um dia ter um carro popular, sair com minha esposa e filhos ao parque, onde estarão outras crianças e amigos de longa data que reveremos, quando penso nisso sinto em mim a verdade de ser menino de novo. Não de ser rapaz, garoto, mas menino. Menino mesmo. Aquele que se arranha subindo em árvore, que se rala no chão com uma queda de bicicleta, que sonha ser seu herói predileto.

Sendo assim, idiota, visionário, bobo, “bobo alegre”, esquizofrênico até… não, não sou nada disso baby, sou um menino. Apenas um menino que fez a escolha de não crescer, de não crescer como os adultos fizeram. Eles se tornaram tristes. Esse menino quer sempre ser feliz. E ele o será. Creia nisso honey! Crê que sou uma pessoa, crê que sou menino. Você também pode. Vamos correr e andar de bicicleta pelos campos!! Depois podemos brincar com o cachorro, sujar a roupa… Então subir em árvores!! Que tal?? Ficaria muito feliz em partilhar aquelas tardes infindas com alguém. Vamos brincar??

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