Estou longe, longe…

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“Parece que aterrissei em outro planeta
Yuri Gagarin

O que é você, Brasília? Quem te modelou e te fez assim, concreto armado, amado e desamado por tantos, rodoviária parecendo feira livre da Índia? Mas eu nunca fui à Índia ou vi imagens de feiras livres indianas. Teus indianos correm em todas as direções, Brasília. Teus indígenas não existem. O que você é, Brasília?

É uma ilha com grandes construções d’outros planetas que são rodeadas de água, vida, pra lembrar que do concreto brota vida (será que brota?). É uma ilha cercada de rodovias e de eixos monumentais e rodoviários por todos os lados, que transporta pessoas em carros velozes. É uma ilha no coração do Brasil, de onde emana toda energia positiva para o resto do país. Às vezes não-positiva… Brasília é o retrato da nação, é o retrato do humano. Brasília é uma construção de outro planeta pra lembrar a gente que somos gente. Brasília é não-cidade, Brasília é alienígena. “Eram os deuses astronautas?”, seríamos nós filhos de outros mundos, filhos de Brasília?

Narciso se olha belo no espelho porque se vê. Me valho da metáfora e mensagem velosiana e eu vejo Brasília, cidade, comigo dentro dela. E Brasília fica bela se me olho em seus espelhos d’água. Narciso acha belo o que é seu espelho. Em meu deslumbre com Brasília, eu corro alegre em teus eixos e trilhas sem saber para onde eu vou nessa espaçovia sideral de onde se veem estrelas de todos os tipos, cores e tamanhos. Eu vou me enxergando em meio a planetas e luas novas que nascem a cada amanhecer, a cada leitura de Bourdieu, Giddens, Fairclough, Foucault, Fowler, Bahktin, Souza Santos, Bauman, Bahskar, Butler e tantos outros cosmonautas de nomes esquisitos que me levam às estrelas. Eu me perco na galáxia que encontro na UnB, em prédios enormes vazios, distantes e cheios de coisas novas a descobrir. Eu fico olhando prédios que me fazem ficar desolado, imaginando como podem flutuar em meio à escuridão do Planalto Central do país: Forças extraterrestres.

SAMSUNG CAMERA PICTURES

Olhando o céu da capital do meu país eu viajei a outros mundos numa noite de sexta feira, na abertura da II Bienal do Livro de Brasília, a partir das palavras de um uruguaio que apresentou a sua visão de mundo na cidade que veio de um outro planeta. Longe, longe, estava em outra estação. E foi assim que, numa noite de palavras de Eduardo Galeano, eu viajei para outras terras e fui ao espaço sideral olhar, na órbita de algum planeta muito distante, as crateras de sua lua e vi o céu de Brasília, o traço do arquiteto…

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2 Responses to Estou longe, longe…

  1. narajust says:

    Ótimo texto! Parabéns! Identifico-me com cada linha. Que noite agradável essa, olhando para o céu e ouvindo palavras do próprio Galeano.
    Ps: ficaram lindas as fotos. A do museu é a cara da superfície lunar 🙂

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